Musculação [ ADOLESCENCIA ]
Musculação [ ADOLESCENCIA ]

Juninho A.

Inicialmente deve ser esclarecido que os riscos do treinamento com pesos para crianças e adolescentes já estão bem estabelecidos em literatura científica e são menores do que em muitas outras atividades físicas consideradas seguras. Atualmente não se admite mais que afirmações e condutas sejam baseadas em hipóteses teóricas, sem a preocupação de buscar fundamentação em resultados de trabalhos científicos, ou pelo menos nas impressões pessoais de quem tem experiência na área. Esses resultados ou impressões são as chamadas "evidências" ou seja, respostas da natureza que podem indicar com mais segurança onde está a verdade. Não existem evidências de que a musculação para adolescentes seja muito perigosa. Como em toda atividade física alguns riscos existem, mas são poucos e facilmente evitáveis.

Uma das afirmações mais comuns encontradas em publicações não especializadas é a de que o desejo dos adolescentes aumentarem a massa muscular é anormal ou patológico. Não conhecemos estudos de psicologia que justifiquem essa afirmação. A impressão de muitos profissionais envolvidos com jovens praticantes de musculação é que não existe nada de anormal com esses adolescentes. Nossa opinião pessoal é de que a auto-afirmação entre adolescentes é uma necessidade mais do que um desejo. Nesse sentido, a única preocupação que os adultos devem ter com esses jovens é no sentido de evitar que essa necessidade seja canalizada exclusivamente para uma área, seja esportiva ou intelectual, em detrimento de uma formação global do indivíduo.

O prejuízo ao crescimento estatural dos adolescentes praticantes de musculação é freqüentemente apresentado como um risco do que chamam de "excesso de musculação". Não há como definir o que seja "excesso de musculação". O desempenho atlético em geral parece ser diretamente proporcional à massa muscular, e para os padrões estéticos de muitos, quanto mais músculos, melhor. Na realidade, excesso de treinamento é o que deve ser evitado. Atividade física excessiva de qualquer tipo pode diminuir a produção dos hormônios sexuais, o que é um dos indicadores da situação conhecida como "over-training". Nessa situação, o ganho de massa muscular diminui, pode ocorrer atraso no desenvolvimento das características sexuais secundárias, mas o que acontece com o crescimento estatural dos adolescentes não é conhecido. Uma das possibilidades é que ocorra um aumento da estatura, pois os hormônios sexuais fecham as epífises ósseas. Na musculação, todos os técnicos e professores bem formados sabem que o excesso de treinamento deve ser evitado para que possa ocorrer aumento adequado de massa muscular. Assim sendo, excesso de treinamento não é comum na musculação, sendo muito mais freqüente em outras atividades esportivas ou mesmo recreacionais.

O treinamento para hipertrofia também tem sido apontado como indesejável para adolescentes com a justificativa de que pode produzir lesões ou mesmo doenças. No entanto, não há evidências de que o treinamento para hipertrofia esteja associado com prejuízos para a saúde. A tendência atual é utilizar treinamento para hipertrofia para todos os objetivos da musculação. Força, potência e resistência musculares são qualidades de aptidão inseparáveis do aumento em volume dos músculos esqueléticos. O aumento da taxa metabólica e uma melhor capacidade homeostática bioquímica dependem diretamente da massa muscular. Os exercícios com baixas repetições oferecem a melhor associação de qualidades possíveis de serem estimuladas pela musculação, além de maior segurança cardiovascular. Por essas razões, pessoas idosas, debilitadas e convalescentes estão atualmente sendo orientadas em treinamento para hipertrofia. Não há evidências sugestivas e não é sensato imaginar que adolescentes não possam fazer o que fazem os idosos.